segunda-feira, 9 de março de 2009


“Tiago aproxima-se devagarinho daquela menina sentada distraidamente da pracinha do shopping. Parece que vai pregar-lhe um susto, mas imposta a voz e diz com pose de galã:
─ A senhorita, com ar tão solitário, espera alguém?
Depois do ligeiro susto, ela empina o nariz e responde toda afetada:
─ Sim, o meu namorado, um príncipe!”
(Wagner Costa. In: Samira Youssef Campedelli, org. Amigos. São Paulo: Atual, 1992.p.26.)
Sem demonstrar sua decepção ao ser “rejeitado”, o rapaz voltou a falar:
─ E este príncipe é tão cavalheiro que deixa a sua namorada esperando, solitária, quase esquecida por ele, não é?!
A menina ficou enfurecida no momento e levantou a voz:
─ Quem você pensa que é? Nem o conheço e você vem julgar o meu “namorado”! Ele deve ter tido algum imprevisto...
─ Não estou julgando- afirmou Tiago, calmamente- estou apenas relatando o que vejo!
─ Você não está vendo nada! Está querendo tirar algum proveito dessa situação! Querendo me “cantar” !
─ Realmente, tenho que concordar que não estou vendo nada de cavalheirismo! Mas a senhorita é muito convencida, não acha?
─ Por que você me chama de senhorita? É alguma ironia?
─ Claro que não! Apenas estou sendo cavalheiro, diferente de tantos outros...
─ Olhe voc...
─ Mas deixarei de te perturbar, afinal, devo ficar atento, pois também espero alguém!
Então, Tiago foi sentar-se num outro banco ao lado. E a garota ficou, impacientemente, esperando seu “príncipe”. Ficava, ela, observando que o rapaz não saia dali. E, assim foi passando o tempo...
─ Por que você não vai embora?
─ Por que estás me expulsando? Não estou mais te incomodando!
─ Não diretamente! Pois faz mais de duas horas que estou aqui, e você também! Sendo que eu espero alguém, e você? Fica me vigiando...
─ Mais uma vez digo que és convencida! E, abrindo um parêntese: ainda esperas alguém?!
─ Você não pode falar nada! E eu vou ligar para ele, com licença!
A menina entrou no shopping.
─ Por que você ainda não chegou? Faz duas horas que estou aqui te esperando e você não chega! Da última vez que nos comunicamos, eu marquei esse horário!
─ Mas querida, eu também estava te esperando há duas horas. Porém já fui embora. Deixei até um bilhete debaixo do banco onde eu estava, caso você ainda fosse.
A menina saiu correndo e viu a cartinha que seu príncipe deixara e num suspiro falou:
─ Ah Tiago, se ao menos você tivesse dito seu nome, tudo teria sido diferente.

Letícia Maria Rodrigues Ramos

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