Em uma pequena vila, morava Henrique, um menino que sempre sonhou em viver grandes aventuras na sua vida. Ele tinha um grupo de amigos o qual se reunia todos os finais de semana para acampar, e assim, fingiam que eram detetives e passavam as noites em busca de desvendar mistérios. Eles gostavam de ir para um campinho perto da casa de Henrique, pois lá podiam fazer o que queriam nas madrugadas. Até que um dia, resolveram mudar seus planos: ir para o cemitério! Todos ficaram com medo dessa decisão, porém para provar a “coragem de homem”, concordaram.
Era uma noite de sábado, estava tudo muito escuro, quando Henrique e seus amigos chegaram ao cemitério. Eles não sabiam o que realmente iriam fazer naquele local tão sombrio, no entanto não poderiam mais desistir.
De repente, um dos meninos percebeu algo estranho, porém não soube dizer o que era para os outros e apontou. Todos ficaram impressionados e com medo, queriam ir embora naquele momento, então Henrique falou:
─Temos que ficar, somos poucos e é perigoso se sairmos agora, pois é longe de nossas casas; temos que esperar amanhecer. Afinal, somos homens e não podemos ter medo!
Como eles não conseguiriam fazer nada antes de saber o que estava pertubando-lhes, foram desvendar este mistério. Uma luz saía pela janela de um casebre, no meio da escuridão, de forma que apagava, acendia e mudava de cor com uma frequência irregular. Foram aproximando-se para terem uma melhor visão do local. Olhavam ao redor e viam todos aqueles túmulos e o nevoeiro que tomava conta de todo o local. Empalideciam!
─Não tenho coragem de ir! ─ disse um dos meninos ─ Ninguém sabe o que tem lá dentro, pode ter um monstro ou, quem sabe, um morto-vivo! Pode ser uma alma esperando alguém para devorar!
─Devorar?!─ todos riram.
─Sim, nós não sabemos do que esses seres são capazes!
─Nossa Ricardinho, não sabia que você acreditava nessas histórias de criancinhas!
Henrique percebeu que todos os meninos estavam com muito medo, mas não queriam dizer para não acontecer o mesmo que ocorreu com Ricardinho. Então, Henrique pronunciou-se:
─Já que ninguém quer ir, e eu sou o líder do grupo, irei ver o que está acontecendo e poderemos brincar sem nos preocuparmos mais.
Mesmo com um pouco de relutância, não poderia deixar que o medo o vencesse. Como poderia ser líder de um grupo se era medroso?! Lutando contra todos os seus sentimentos, Henrique foi. Quando estava chegando mais perto percebeu que além da luz, ainda havia vozes as quais ele não conseguia saber o idioma falado. Foi, então, ficando cada vez mais apavorado, porém não poderia sair correndo, apesar de essa ser a sua vontade. Quando chegou em frente a porta, que estava fechada, suspirou fundo e abriu-a.
─Meu filho, você não tem o que fazer não?! Já está de madrugada e você num cemitério?! Cadê seus pais?
O menino começou a rir. Todo aquele suspense que fizeram, todo o medo que tiveram era por causa do coveiro o qual estava assistindo a um filme em russo na sua casa. Henrique pediu desculpas por estar atrapalhando e explicou-se ao senhor. Este convidou o menino e seus amigos para passarem a madrugada lá e todos se divertiram muito. Foi a melhor aventura que Henrique já teve em sua vida.
Letícia Maria Rodrigues Ramos